Esta curadoria foi pensada a partir de questões que envolvem mulheres que, por algum motivo, são consideradas estranhas, estrangeiras nos países que escolheram para morar. A ideia inicial foi mostrar nuances das marcas de opressão fabricadas em objetos de artes que essas mesmas mulheres vivenciaram ou de alguma forma observam na vida real. A escultura transforma em peças variadas tudo o que sente, as cantoras expressam em seu semblante e em todo o corpo aquilo que pulsa por dentro de seus sentimentos, a bailarina dança num ritmo frenético libertando-se das grades e muros opressores, a performer transborda dor no olhar de todo um universo caótico captado e, por sua vez, as mulheres que também habitavam do outro lado da lente diluíram-se neste processo migratório, à exame cito “O Enterro do ego”. Outro olhar voltou-se à libertação de mulheres diante das mais variadas questões de opressão, da violência generalizada, veladas e legitimadas devido ao machismo acentuado e à tradição de inferiorizar a mulher nas sociedades de hoje. Pela fotografia, captamos diegeses contidas na mobilidade feminina no mundo transglobal. As artistas concordaram em ser olhadas, e captadas como exercício metafórico desta luta de mulheres que habitam noutro porto. Neste processo criativo, o olhar de quem habita o outro lado da câmara traduziu sentimentos e representou artisticamente as tensões fragmentadas dessas sujeitas que se movimentam.