Mãe vermelha: escultura Marcia Roberti e fotografia Lauren Maganete.
A mãe vermelha
sou composta de calcário e outra pequena parte de água,
a transmutação inorgânica entra para dentro de mim,
correm em meus tecidos os dejetos humanos,
aquilo que a natureza consegue se transforma em matéria viva.
ando pelos montes, noites e dias, protegida por meu capuchino vermelho,
abençoo os espaços, as mulheres e as árvores.
pelas minhas tetas mamam os cabritos, as ovelhas e também os homens,
às vezes, os caramujos fazem casa em mim,
na esperança de atravessarem as noites escuras,
andar pelos Hades e passar pelas tempestades e todas as outras maldições humanas.
sou, muitas vezes, a Perséfone a segurar as mãos de Hades carinhosamente.
protejo a vida do planeta,
contudo, são as mulheres desgarradas,
apátridas, refugiadas,
sofridas e quase sem almas,
que acalanto com plena devoção e amor.